Ad Infinitum

Todos os dias elas se encontravam ali. No centro da sala, na mesma mesa. A vida escrita nos rostos. Mãos incertas. Olhos passivos. Iguais na sua diversidade.
Todos os dias as lembranças comiam no mesmo prato. E lágrimas furtivas enraleciam o feijão com farinha. O barulho das colheres coloria as pausas da memória. E as histórias ganhavam nova aquarela.
Um dia uma cadeira ficou vazia. As outras trás fingiram não perceber. Continuaram falando com a ausente. E até viam as lágrimas que ela escondia. E ouviam barulho de sua colher cobrindo o choro delas.
Foi assim durante dias. Até que a cadeira foi ocupada. Os olhos das três acordaram. E neles a tácita certeza. Haveria sempre outras histórias ocupando cadeiras vazias.

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