umdiadecadavez

De repente, a vida virou susto. Uma escolha se fazia necessária: o prazer imediato ou a felicidade construída. Seguir em frente não era mais trocar passos impunemente. E descobriu: para ganhar era preciso perder. Para crescer era preciso doer.
Perdeu-se. Não se sentia capaz de escolhas radicais. Jogar fora as muletas e sair andando era o desafio. Andando sozinho. E descobrindo sozinho as várias faces da dor. A vida se bifurcara e não havia mais volta. Chegara o tempo de perder. E enlutar-se pelas perdas. Luto que deveria ser apenas seu. Só assim renasceria.
Durante dois dias andou sem sentido. Como olhar a vida sem as lentes de aumento que as drogas proporcionavam? Já nem sabia se enxergava ou se apenas via. E enquanto se resolvia, mais se drogava. E mais se perdia.
No terceiro dia, chegou ao limite. Na boca, o gosto amargo da saliva grossa. No corpo, a falta de prumo. Na memória, os olhos sofridos daqueles que o amavam. Vasculhou os bolsos e pescou o papel amassado. Nome, endereço, telefone. Sem pensar na encruzilhada, escolheu o caminho. Era só o primeiro passo da grande caminhada. Um dia venceria. Queria. Podia.
Venceu. Escolher ser um vencedor.

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